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O que mudou no comportamento do consumidor?

Posted by TECNOIMPORTS ® on 09:21
Descubra quais são as tendências e o que vai influenciar na opção de escolha do cliente da nova economia.
Por: Eduardo Benetti - 12/10/2001

Certa vez, perguntei a um produtor de goiaba da região de Valinhos (SP) o porque ele separava com tamanha atenção as goiabas mais vistosas daquelas que continham alguma anormalidade natural. Imediatamente ele disse que as selecionadas possuem destino externo, iriam para a Europa.

Excluindo-se da análise o fator preço, cabe uma pergunta: por quê o consumidor europeu tem à sua disposição a melhor fruta e as piores sobram para os brasileiros? Qual será a razão correta dessa atitude?

É óbvio que o motivo está simplesmente no fator de que as frutas danificadas serão recusadas pelos importadores. Mas aqui cabe um entendimento mais aprofundado, uma vez que esses adquirentes somente tomam essa atitude pelo fato que jamais seriam compradas pelos consumidores europeus.

Já há muito tempo que o consumidor europeu exige mais dos produtos e serviços. Muitas leis de comércio européias têm sido instituídas levando-se em consideração a opinião do consumidor. Os interesses dos consumidores são muito valorizados nas negociações comerciais tanto internamente quanto com o resto do mundo. Só para ilustrar vale lembrar todo "fuzuê" que aconteceu quando da epidemia da vaca louca.

E no Brasil? Não precisamos ser estudiosos no assunto para verificar as mudanças aqui também, dentre elas: selo de procedência, de vistoria sanitária, de qualidade vistoriada, certificações ISO, produtos contendo informações como ingredientes, advertências, prazo de validade, e pasme, reclamações com repercussão na imprensa de que o rolo de papel higiênico diminuiu, e diga-se de passagem, é uma tremenda pilantragem pois toda vez que o produto ganha quantidade os "marketeiros" usam para alavancar as vendas e quando diminui nada é comunicado ao consumidor.

Isso tudo mostra uma significativa mudança no comportamento do consumidor. Começou em 1986 com o plano cruzado, em meio ao desastroso congelamento de preços do Sarney e a transferência do papel fiscalizador de preços para o consumidor, quando comandado pelo então ministro Funaro, o consumidor assumiu a função de fiscal.

Mas o grande salto da mudança ocorreu com a promulgação do código de defesa do consumidor, que ainda não é totalmente cumprido mas, com certeza, trouxe um grande avanço ao mercado brasileiro, conscientizou e ainda continua conscientizando o consumidor.

Cada vez mais o código será mais observado e as empresas estarão atentas à regulamentação. O consumidor está consciente de seu papel no sistema capitalista e começa a pensar não somente no uso que ele fará do produto ou serviço adquirido, mas principalmente nas conseqüências que esse consumo trará nas próximas gerações.

Hoje não basta produzir um produto de excelente qualidade e respeitar todas as normas de comercialização, é preciso demonstrar claramente que existe uma preocupação com o meio ambiente e também com a questão social, pois não podemos esquecer que o tão admirado consumidor é uma pessoa que vive em sociedade e para consumir precisa primeiramente sobreviver e depois deter condições financeiras para tal.

Se o empresário ainda não percebeu isso, tenha certeza que mais cedo ou mais tarde vai descobrir, talvez será tarde se o concorrente perceber antes. Segundo Marilena Lazzarini, coordenadora-executiva do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, " O consumidor não vai olhar somente o preço e a qualidade dos produtos, ele estará atento ao comportamento social das empresas".

Essa é a era do consumo responsável, do consumidor melhor informado, mais exigente, consciente de que seu papel pode melhorar as condições de vida da sociedade.

Fonte: Jornal Gazeta Mercantil Latino-Americana, 08/10/2001.
Eduardo Benetti - 12/10/2001

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